2 de agosto de 2010

Candidatura de modelo causa fúria de muçulmanos

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País de maior população muçulmana no mundo, a Indonésia vive uma dualidade entre grupos religiosos radicais e forças progressistas pró-ocidentais desde 1998, quando a ditadura comandada por Suharto foi deposta depois de passar 21 anos no poder. Sem o ditador, os grupos muçulmanos, que eram reprimidos pelo Exército, ganharam importância e hoje em dia são uma força política importante. E são esses religiosos que estão muito incomodados com o anúncio de que a cantora e modelo Julia Perez (nascida como Yuli Rachmawati) será candidata a vice-prefeita na cidade de Pacitan, na província de Java Oriental.

O convite partiu do Hanuta, um partido de oposição ao presidente Susilo Bambang Yudhoyono. A legenda alega que convidou Julia, conhecida como Jupe, pois queria uma celebridade para atrair investimentos para a região. Para alguns analistas, no entanto, a estratégia do Hanuta é constranger o presidente Yudhoyono, que nasceu em Pacitan.

Ao posar sensualmente ao lado de modelo, Jupe causou revolta de conservadores

O constrangimento seria causado por conta de toda a polêmica que gira em torno de Jupe, uma das principais celebridades da Indonésia atualmente. Cantora que aposta na sensualidade em seus vídeos e apresentações, ela irritou os conservadores com o álbum Kamasutra, seu disco mais vendido até hoje. Além do nome sugestivo - Kama Sutra é o antigo texto indiano que fala sobre posições sexuais - o CD vinha acompanhado por uma camisinha. Segundo ela, era uma campanha para combater a aids. Para muitas pessoas, era um convite à promiscuidade. Graças a isso, Jupe acabou proibida de cantar em diversas cidades, mas isso não a incomoda.

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Essa é minha escolha, disse Jupe em recente reportagem do jornal americano The New York Times. É isso que eu quero me tornar, eu quero ser uma mulher livre, afirmou. A postura de Jupe causou tanto incômodo na Indonésia que alguns políticos tentaram barrar a candidatura de pessoas com falhas morais. O alto índice de corrupção e impunidade no país asiático acabou barrando a proposta. E daí que eu sou sexy?, diz Jupe ao NYT. Você ainda poderá se alimentar amanhã se me achar sexy, mas se eu roubar seu dinheiro, você não poderá comer, não poderá ir à escola e será uma pessoa sem esperança, afirma.

A eleição em que Jupe participa será realizada em dezembro deste ano.

 

Essa reportagem foi produzida pela Revista Época e apenas reproduzida pelo Conexão Espetacular. Leia a íntegra do texto no site da publicação.